Entre Tesouras, Risadas e Histórias Impublicáveis
Francisco de Lara nasceu em 07 de junho de 1966, em Porto Feliz, o caçula de Esidoro e Adenilde, criado nos arredores da Rua Newton Prado, cenário de sua infância barulhenta, cheia de risadas e da irreverência que logo se tornaria sua marca registrada.
Desde pequeno, Xico, como todos o chamavam, era daqueles personagens que a cidade inteira conhece: espontâneo, atrevido na medida certa e dono de uma presença que enchia qualquer roda de conversa.
Aos poucos, seu caminho começou a se desenhar. Incentivado pelo amigo Júlio Mietto, entrou para o mundo da beleza ainda adolescente, como assistente no salão. Ali descobriu seu talento nato e, com o tempo, transformou-se em um dos cabeleireiros mais respeitados da cidade. Abriu seu próprio salão no centro de Porto Feliz, atendendo desde clientes fiéis do dia a dia até noivas que confiavam a ele o toque final para momentos inesquecíveis.
Mas limitar Xico à profissão seria pouco. Ele era vida social em estado bruto: personalidade forte, zero filtros, humor ácido e uma autenticidade que encantava até quem era alvo de suas tiradas. Amigo fiel, companhia divertida e presença garantida em todos os grandes momentos da cidade.
Nos clubes, especialmente no carnaval, Xico brilhava. Participava com paixão da Escola de Samba Acadêmicos da Barra e do Bloco Carnavalesco Banda do Mé. Criava fantasias, ajudava nos carros alegóricos, opinava, inventava, reinventava. Carnaval sem Xico não tinha o mesmo brilho.
Se fosse preciso decorar um salão, fosse para festa, baile ou evento, lá estava ele, chamado quase sempre de última hora, porque sua criatividade era daquelas que resolvia tudo.
Também era presença ativa na comunidade. Participou da Diretoria da APAE e, de forma discreta, ajudava quem precisava. Não anunciava, não comentava, simplesmente fazia.
E tinha seu clássico bordão: “Be do Céu…”. Bastava soltar essa frase para que todo mundo parasse o que estava fazendo: vinha bomba, vinha história, vinha risada – e vinha sempre coisa boa.
Francisco de Lara nos deixou cedo demais, em 30 de agosto de 2011, aos 45 anos, vítima de um infarto.
Partiu deixando saudades, histórias que não cabem no papel e um rastro de afeto na memória de todos que tiveram a sorte de cruzar com ele.

