O homem que eternizou memórias
Poucas pessoas conseguem, em vida, deixar um rastro tão luminoso de afeto, dedicação e legado como Nelson Silveira Moraes. Ele não apenas registrou a história de Porto Feliz, com também ajudou a escrevê-la. Com sua câmera nas mãos e o coração aberto, eternizou sorrisos, lágrimas, conquistas e recomeços. O casamento sonhado, o aniversário tão esperado, a Primeira Comunhão, o Crisma, o Baile de Debutante, o primeiro 3×4 para o RG… em todos esses momentos, Nelson estava lá. Discreto, atento, sensível. Registrando não apenas imagens, mas emoções.
Filho de Bento Moraes, fotógrafo pioneiro na cidade, Nelson herdou o ofício e o aperfeiçoou como arte. Mas sua missão ia muito além da fotografia. Formado em Administração de Empresas e Artes Plásticas, dedicou 34 anos de sua vida à Educação, ensinando Desenho Geométrico e Educação Artística em escolas públicas e particulares. Seus alunos não apenas aprendiam com ele, mas se inspiravam. Nelson não era só um professor, era um mentor, um conselheiro, uma presença inesquecível na formação de centenas de jovens.
Mas ele também acreditava que transformar o mundo exigia ação. Por isso, entrou para a política em 1976, elegendo-se vereador por dois mandatos consecutivos, sendo presidente da Câmara Municipal em seu último. Na vida pública, foi exemplo de integridade e conciliação. Nunca usou o cargo para se engrandecer, mas para servir; sempre com humildade, diálogo e espírito comunitário. Presidiu o PSDB local e também o Rotary Club, entidade da qual foi presidente duas vezes e governador-assistente da região. O Rotary era, para ele, uma extensão de sua casa, literalmente, já que abriu as portas de sua residência inúmeras vezes para os eventos e causas da instituição.
Ao lado de sua amada esposa Maria Amélia, também se dedicou à orientação de casais no cursinho de noivos da Igreja, compartilhando valores, escuta e fé com quem se preparava para construir um lar.
Mesmo com tantas atribuições, Nelson nunca deixou sua paixão principal: a fotografia. Sua loja, até hoje ativa em frente à Praça da Matriz, foi escola e refúgio, onde ensinou com generosidade a arte de capturar instantes. Ali, junto de sua esposa e filhas, construiu mais do que um negócio: construiu uma tradição familiar.
Nelson Moraes partiu em julho de 2014, aos 68 anos, mas sua presença permanece viva nos álbuns de família, nas memórias dos antigos alunos, nos corredores da política local e no coração da cidade. Ele provou que é possível viver com propósito, servir com amor e impactar vidas em diversas frentes, como educador, artista, líder comunitário e ser humano.
Seu legado não cabe em uma só fotografia, mas está presente em cada uma que ele tirou. Nelson não apenas clicou o passado, como também inspirou o futuro.