O juiz que fez de Porto Feliz seu lar eterno
Nascido em Mossoró, no Rio Grande do Norte, no dia 30 de março de 1866, Alcebíades Dracon de Albuquerque carregava no sangue o espírito da justiça. Filho do Desembargador Vallades Dracon de Albuquerque Lima e de Filomena Figueiredo Albuquerque Lima, trilhou desde cedo o caminho da sabedoria e do serviço público.
Formado em Direito pela tradicional Faculdade do Recife, Dracon não demorou a se destacar por sua inteligência, retidão e profundo senso de justiça. Em 1891, assumiu o cargo de primeiro Juiz de Direito da recém-criada Comarca de Porto Feliz, interior de São Paulo, cidade que, até então, lhe era desconhecida, mas que viria a se tornar o grande amor de sua vida.
Durante três décadas, Dracon exerceu a magistratura com uma postura exemplar. Era firme em suas decisões, mas profundamente humano em seu olhar. Ganhou o respeito da população e o carinho de muitos, sendo lembrado como um juiz íntegro, educado, amigo e justo. Sua dedicação ultrapassava os limites da toga; ele compreendia a cidade, seus costumes e suas dores.
Foi em Porto Feliz que, em 1893, Dracon casou-se com Albertina Fernandes de Camargo, filha de uma tradicional família local. Ao lado dela, construiu não apenas uma família, mas também raízes profundas, que o ligariam para sempre à terra das Monções.
Em 1921, após 30 anos de serviço incansável, foi transferido para a Comarca de Agudos, onde se aposentou em 1924. Mas mesmo longe fisicamente, seu coração permanecia em Porto Feliz. Viveu seus últimos anos entre São José dos Campos e a capital paulista, onde faleceu em 21 de dezembro de 1939.
Seu desejo final foi um gesto simbólico da grandeza de sua ligação com o povo que o acolheu: pediu para ser enterrado em Porto Feliz, não sua cidade natal, mas aquela que escolheu como lar de alma. Em reconhecimento à sua trajetória, a cidade eternizou seu nome em uma rua e no Fórum local, homenagens simples diante do legado de um homem que fez da justiça sua missão e da empatia sua prática diária.
Dr. Alcebíades Dracon de Albuquerque é, até hoje, símbolo de ética, dedicação e amor à terra que o adotou. Seu nome permanece vivo não apenas nas placas, mas na memória e na história de Porto Feliz.