O Último Pracinha de Porto Feliz
Nascido no humilde bairro do Xiririca, em 16 de julho de 1923, Aristides Messias carrega consigo mais do que uma história, carrega o próprio espírito de um Brasil que lutou pela liberdade.
Aos 21 anos, o jovem lavrador deixou sua terra, sua família e seus sonhos para servir à Pátria como Pracinha da Força Expedicionária Brasileira durante a 2ª Guerra Mundial, integrando o 5º Batalhão de Itapetininga. Foram cerca de 25 mil brasileiros enviados ao front, e Aristides está entre os poucos que voltaram para contar o que viveram, e ainda menos, entre os que seguiram contando com esperança.
Quando o som dos canhões cessou, Aristides retornou ao solo que o formou. Trocou o fuzil pela enxada, o campo de batalha pelo campo da lavoura. E foi trabalhando a terra que continuou a servir o Brasil, desta vez, defendendo os trabalhadores rurais. Foram 45 anos de dedicação, passando de tesoureiro a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porto Feliz, sempre com o mesmo ideal: lutar pela dignidade de quem vive do próprio suor.
Homem simples, mas de alma grandiosa, Seu Aristides tornou-se símbolo de coragem, humildade e fé. Em 2013, sua trajetória foi destaque no jornal Tribuna das Monções. No ano seguinte, recebeu o Título de Cidadão Honorário de Porto Feliz, concedido pela Câmara Municipal, em reconhecimento à sua vida de serviço e exemplo.
Em 2018, foi homenageado mais uma vez, desta vez pelo Exército Brasileiro, em cerimônia que emocionou gerações, um Pracinha de 95 anos sendo aplaudido por jovens de 18 que davam seu primeiro passo na vida militar.
Hoje, aos 102 anos, aposentado rural e Presbítero Emérito da Igreja Presbiteriana do Brasil, Aristides Messias continua sendo uma lição viva de resistência e serenidade. Viúvo da senhora Salvatina Rodrigues Messias, é pai de seis filhas, avô de 18 netos e bisavô de 21 bisnetos; uma árvore que floresce sobre as raízes da coragem.
Duas frases resumem o homem por trás da história:
“Procuro viver errando pouco.”
“A vida é boa.”
E talvez seja por isso que Aristides Messias, o último Pracinha de Porto Feliz, ainda inspira todos nós, porque ele prova, todos os dias, que a grandeza não está nos títulos, mas na honra com que se vive cada dia.

